"Através das brumas do tempo, vejo teu rosto numa imagem sumida, que teima em partir.
Ofuscada, a figura tenta firmar-se ao longe, e eu fixo bem firme os olhos nela, como se naquele ato pudesse prender o ser numa redoma transparente... só para mim.
Num dia, bem distante, te arrebataram de forma cruel. Cravaram o teu peito com mentiras e falsidades, e ingênuo em tua essência... crestes na personificação da inveja - aquela "deusa" que queria ocupar o meu lugar.
Mas não viajastes em seus encantos e partistes para longe de todos. Teus sentimentos nunca mais foram os mesmos: eu sei, pois falastes ao vento, que me visitava .
Tiraram tua alegria e a chance de escolha e a mim, a esperança...de ser realmente feliz.
Hoje és lembrança, boa, linda e agradável pois teu rosto não contemplo mais, visto que as muralhas do tempo te deixaram do outro lado da barreira...
Mas recordações existem, estas, sim, são eternas! E são elas que te transportam a mim como num sonho, através de róseas nuvens de sensibilidade.
E é num leve despertar, brando e reanimado, que contemplo sua bela figura esvair-se, aos poucos..."
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